A Onça Pintada

Boas, rapaces!!
Dounos moita rabia non poder disfrutar do conto da Onça Pintada de Vero Rilo e ela fíxome chegar este vídeo con Sonsoles Penadique, para que o disfrutedes
´
Tamén me dixo que vos pasara estes contos brasileiros, que vos ían gustar.
Según Vero: "son contos que recolleron unhas contadoras do Brasil que se chaman Costureiras de Historias"

SESSÃO DE CONTOS: Por que? 

Contos da tradição oral, muito presentes no repertório de algumas comunidades 

narrativas brasileiras, essas histórias apresentam uma significativa estrutura da cultura 

de matriz africana. Retextualizados para as sessões do grupo de Contadoras de 

Histórias, essas narrativas apresentam uma significativa componente de humor e trazem 

animais como protagonistas dos enredos, de forma a justificar sua aparência física, 

comportamento ou integração com outros do seu habitat natural. 

Todos os contos começam com uma questão que é respondida até o final da história e 

terminam sempre com o seguinte verso: 

O conto respondeu a pergunta 

E se não querem acreditar 

Contem outro que possa explicar 

Por que a Zebra tem listas? 


Há muito e muito tempo, não havia zebras no mundo, nem mesmo no grande continente 

africano, só havia burros. 

Os burros, como sempre, trabalhavam, trabalhavam, trabalhavam pesado todos os dias. 

Não tinham tempo para brincar e nem para descansar, carregavam fardos pesados de cá 

para lá o dia inteiro. Os Burros puxavam carroças e levavam pessoas e mercadorias a 

longas distâncias. Aborrecidos porque nunca ninguém os agradecia pelo seu trabalho, e 

ainda por cima os acusavam de pouco inteligentes, um grupo de burros reuniu-se para 

encontrar uma solução que pudesse acabar com aquilo. 

Ficaram sabendo da existência de um velho sábio, que diziam saber falar com os 

animais. Segundo anunciavam, o velho tinha uma solução para qualquer situação. O 

grupo de burros e resolveu, portanto, consultar o velho sábio, ao chegarem na Aldeia 

indicada, foram até sua cabana e lhe contaram sobre o seu aborrecimento. Os Burros 

foram ouvidos atentamente pelo velho sábio que franziu a testa e pensou, pensou e 

acabou por concordar com os burros. Realmente eles trabalhavam muito duro e ninguém 

os agradecia, e ainda os acusavam de pouco inteligentes. 

O sábio resolveu ajuda-los. Depois de muito refletir, teve uma ideia: - Vou pinta-los para que os homens não mais os reconheçam, disfarçados de outro 

animal qualquer, não serão mais capturados e obrigados a trabalhar sem 

reconhecimento. 

Os Burros, deram saltos de alegria, e o velho continuou: - Eu os pintarei e ninguém jamais saberá que são burros, pronto! 

O velho sábio foi procurar tintas em seus guardados no funda da cabana. Procurou, 

procurou, procurou e encontrou apenas duas latas de tinta, uma na cor branca e outra 

na cor preta. Regressou a casa com as latas de tinta e começou a pintar os burros. 

Primeiros pintou todos com tinta branca, como era um excelente pintor, foi desenhando 

listas pretas sobre a tinta branca, quando terminou, os burros não pareciam mais burros. 

O velho ficou tão feliz que disse animado: - Vocês estão lindos, nem parecem com burros, acho que vou chama-los de Zebra. 

Os antigos Burros, agora Zebras, saíram alegres a pastar pelo campo. Ninguém 

atrapalhou seu passeio e já não precisavam trabalhar tanto, ao invés disso se deitaram 

na relva e adormeceram. 

Passado pouco tempo, outros burros viram as zebras e perguntaram de onde elas eram. 

As zebras, que no fundo eram burros, rapidinho contaram o segredo. Todos os outros 

burros correram a casa do velho. - Por favor velho, faça-nos zebras também, nós não aguentamos mais trabalhar tanto. 

E foi assim que o velho pintou mais e mais burros. A noticia se espalhou tanto que 

quanto mais o velho pintava, mais burros apareciam a sua porta. 

Porém, ele já não era mais um menino, não conseguia trabalhar tão depressa, foi assim 

que os burros começaram a ficar impacientes, queriam logo ser transformados em 

zebras, e, aborrecidos, foram pisoteando o chão com muita força, dando coices para 

todos os lados e urrando muito alto. A bagunça se formou de tal maneira que derrubaram 

as latas de tinta, tudo aquilo foi ao chão. Assim findou-se a pintura de burros! 

Os que já haviam sido pintados correram para juntar-se às outras zebras que pastavam 

livres e alegres. Já os burros impacientes, não foram pintados pelo velho, tiveram que 

continuar sendo burros e voltar ao trabalho. 

Desde então é assim, todos os descendentes desses antigos burros pacientes, são 

zebras listadas que continuam pastando tranquilamente por aí. 

Pontanto, quando virem um burro trabalhando e uma zebra pastando, lembrem que a 

paciência é a mãe da ciência. O conto respondeu a pergunta. 

E se não quiserem acreditar, 

Contem outro que possa explicar 

Por que o Morcego só voa a noite? 



Há muito muito tempo, os Morcegos voavam alegremente também durante o dia, 

até que um dia, tudo mudou. Houve uma grande guerra entre os animais que voavam e 

os que caminhavam sobre a Terra, ou seja, ocorreu uma disputa entre as aves e o 

restante dos animais que povoam as florestas, savanas e montanhas. 

Naquela época o Morcego, esse estranho bicho, que mais parece um rato provido 

de poderosas e grandes asas, levava uma vida mansa, voando de dia por entre as 

árvores, a cata de frutos maduros e bebendo água fresquinha no riacho. 

Os Morcegos voavam tranquilamente tanto durante o dia, como durante a noite. 

Porém, numa certa tarde, um Morcego estava descansando de cabeça para baixo, 

pendurado no galho de um Carvalho, quando foi despertado pelos trinados aflitos de um 

passarinho: - Atenção, atenção, atenção. Atenção todas as aves! Foi declarada uma guerra aos 

quadrúpedes, todos que possuem asas e sabem voar devem se unir na luta contra 

os bichos que andam no chão. 

O Morcego ainda estava se refazendo do susto, um pouco ainda sonolento, quando a 

Hiena passou correndo e uivando aos quatro ventos: 

- Vai começar a batalha! - E agora? Perguntou a si mesmo o Morcego. E eu, que não sou nem uma coisa nem 

outra? - Indeciso e sem saber a quem apoiar, o Morcego resolveu aguardar o 

resultado da luta bem escondidinho: - Eu é que não sou bobo. Vou me apresentar ao lado de quem estiver vencendo a 

batalha. - Tomou essa decisão e escondeu-se no oco que havia no tronco do 

Carvalho. Depois de dias escondido entre as folhagens, só ouvindo o trinado da 

batalha, viu um bando de animais fugindo em carreira desabalada, perseguidos por 

uma multidão de aves que distribuia bicadas a torto e a direito. 

Os donos de asas, beneficiado pela visão privilegiada, estavam vencendo a batalha. 

Vendo isto, o Morcego voou rapidinho para juntar-se às tropas aladas. Uma águia 

gigantesca, ao ver aquele rato com asas perguntou: 

- O que você está fazendo aqui? 

- Não está vendo que eu sou um dos seus, veja! - Disse o Morcego abrindo as enormes 

asas. - Vim o mais rápido que pude para me alistar. - Disse com a voz firme que todo 

mentiroso tem. - Oh camarada, queira me desculpar. Seja bem-vindo a nossa vitoriosa esquadrilha! 

Na manhã seguinte, tudo mudou, os animais com patas e sem bico, reforçados por uma 

manada de elefantes, e com o apoio de girafas, essas sim, possuem uma visão 

privilegiada. Reiniciaram a luta e derrotaram as aves, espalhando pena pra tudo quanto 

era lado. Era pena colorida, pena branca, pena pequena, pena grande. Olhe, era tanta 

pena que dava pena. 

O Morcego, vendo aquilo, fechou rapidinho as asas e foi correndo todo 

desengonçado se unir ao exército vencedor. - Quem é você? - Rosnou um leão. - Um bicho de quatro patas como vossa majestade. Respondeu farsante exibindo as 

patas curtinhas e os dentinhos afilados. - E essas asas? - Interrogou um dos elefantes. - Deve ser um espião. - Foi logo avisando a Zebra. - Fora daqui! - Berrou o elefante num gesto ameaçador. 

O morcego coitado, sem pertencer a nenhum dos lados, não teve outra solução e passou 

a viver isolado. Até hoje, todos os seus decendentes desse tal Morcego indeciso, vivem 

escondidos durante o dia em cavernas, igrejas, castelos, casas abandonadas e lugares 

escuros. Tudo pela sua covardia e falta de coragem de assumir uma posição. Por esta 

razão, até hoje, o Morcego só voa a noite. 

Sabem qual é a lição? É preciso coragem pra tomar uma decisão! 

O conto respondeu a pergunta. 

E se não quiserem acreditar, 

Contem outro que possa explicar 

Por que o cão foi morar com o homem? 


O cão, como todos sabem, é o melhor amigo do homem, mas nem sempre foi assim. Ele 

antes não vivia nas casas com os seres humanos. Há muito e muito tempo, o Cão vivia 

no meio do mato com seus primos: o Chacal e o Lobo. 

Eles brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos riachos, 

caminhavam alegres pela mata, caçavam juntos e faziam sempre tudo juntos. Porém, por 

todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades para 

encontrar o que comer. A vegetação ficava escassa, os rios perdiam boa parte da água, 

dessa forma, encontrar qualquer alimento se tornava uma tarefa muito difícil. 

Os primos tinham muita dificuldade para viver ali naquelas condições quando chegava a 

época da seca. Muitos animais acabavam fugindo em busca de outras paragens. 

Um dia, famintos e ofegantes, os três primos: o Cão, o Lobo e o Chacal, com as línguas 

de fora por causa do forte calor, sentaram-se a sombra de uma árvore para tomar uma 

decisão: - Um de nós precisa ir a Aldeia dos homens para apanhar um pouco de fogo. - Disse 

o Lobo que era o mais velho do grupo. - Fogo? - Perguntou o cão que não tinha muita experiencia já que era o mais novo do 

grupo. - Sim, fogo para queimar o capim e comermos gafanhotos assados. - Respondeu 

Chacal, já com água na boca - E quem vai buscar o fogo? - Tornou a perguntar o Cão. - Você! Responderam juntos o Lobo e o Chacal. - Você que é o mais novo. 

De acordo com algumas culturas africanas, os mais jovens devem plena obediência aos 

mais velhos. O cão, que nesse caso tinha a menor idade dos três, não teria outro jeito, já 

não poderia desobedecer a ordem dos mais velhos. Portanto, teve que fazer a cansativa 

jornada até aldeia, enquanto o Lobo e o Chacal ficaram descansando no alto da 

montanha, embaixo de uma árvore. É assim que é a lei! 

O Cão correu e correu até o alcançar o cercado de espinhos e paus de uma das casas 

da aldeia onde viviam os humanos. Para proteger a aldeia, os homens constroem cercas 

com medo de serem atacados. 

Ao aproximar-se de uma das cabanas sentiu um maravilhoso cheiro de comida. O Cão 

pulou a cerca e aproximou-se devagarinho, quando chegou à porta que estava 

entreaberta, viu uma mulher com objeto estranho em cima do lume e mexia com um 

passinho enquanto cantarolava. O cão ficou muito admirado, nunca havia visto uma 

panela, uma colher e muito menos alguém a preparar comida. Era tão bonito como ela 

cantarolava e de vez em quando soprava, o sopro da mulher espalhava faiscas do lume e 

ele achou tão bonito, parecia o céu estrelado que via lá do alto da montanha. 

A mulher estava preparando um mingau de milho e nem se importou com a presença do 

Cão. Depois de algum tempo, ela alimentou o seu filhote que estava sentado no chão, 

ele ficava todo animado cada vez que a mãe levava um porção daquela comida cheirosa 

à sua boca. 

Quando terminou de alimentar o filho, a mulher raspou o vasilhame e jogou o restante do 

mingau no chão para que o Cão se servisse. Ele, tão esfomeado que estava, devorou 

tudo e adorou. O mingau era mesmo muito gostoso. Enquanto o Cão comia, o filhote de 

humano aproximou-se dele e começou a acariciar o seu pelo e ria, ria, ria muito. 

O Cão pensou, pensou e disse a si mesmo: - Eu é que não volto mais pra montanha. O Lobo e o Chacal vive a me dar ordens. Aqui 

não falta comida e humanos gostam de mim, principalmente os filhotes deles. De 

hoje em diante vou morar com os homens, posso retribuir ajudando a tomar conta de 

suas casas e alegrar seus filhotes. 

E foi assim que todos os descendentes desse Cão passaram a viver junto com os 

homens. E até os dias de hoje, o Lobo e o Chacal vivem uivando bem distante, já 

ouviram? Sempre que ouvirem um uivo na escuridão, só tem uma razão, é o Lobo ou 

Chacal a procura desse primo fujão. 

O conto respondeu a pergunta. 

E se não quiserem acreditar, 

Contem outro que possa explicar 

Por que o Camaleão muda de cor? 


Essa história aconteceu há muitas e muitas luas. A Lebre e o Camaleão eram amigos 

inseparáveis, moravam na mesma rua e só andavam juntos, caminhavam juntos, 

passeavam juntos e trabalhavam juntos. 

Naquele tempo, parte do interior do continente africano era percorrida a pé por longas 

caravanas de mercadores. Eles carregavam caixotes, trouxas e cestos na cabeça, todos 

repletos de cera e borracha. Sua jornada era pra trocar cera e borracha para por panos 

nas vendas de comerciantes que ficavam nas vilas junto ao mar. 

Certo dia, a Lebre o Camaleão resolveram entrar no negócio, e tão logo ouviam o cântico 

e o alarido dos carregadores, se arrumaram rapidamente para seguir atrás deles. Os dois 

amigos trabalhavam também na troca de cera e borracha por tecidos coloridos. Eles 

gostavam muito de fazer negócios, carregavam suas pequenas trouxas, caixinhas e 

cestos minúsculos nas suas cabeças minúsculas, marchavam na retaguarda das alegres 

comitivas de mercadores. 

Essas grandes comitivas atravessavam os desertos durante todo o dia, e quando a noite 

caia, sentavam-se junto ao fogo para ouvir as histórias que eram contadas pelos mais 

velhos, enquanto descansavam da longa caminhada. Os carregadores traziam guizos 

presos aos tornozelos, e quando andavam a barulheira era imensa: tlim, tlim, tlim. O 

tilintar era usado para afugentar as feras selvagens do caminho. 

A Lebre e o Camaleão também tinham guisos como os outros mercadores. A Lebre, era 

sempre muito apressada, fazia tudo correndo, e os mais sábios sabem que a pressa não 

tem um bom serviço. Eles ensinam que fazer as coisas correndo às vezes não resulta 

muito bem. Mas a Lebre não sabia, e assim que chegava na loja a beira do mar, ela 

trocava rapidinho a sua cêra por tecidos multicoloridos e dizia para o camaleão: 

_ Já estou indo, já estou indo, tenho muita pressa. - A Lebre avisava e sumia pelo 

deserto afora. 

O camaleão olhava calmamente sem entender o porque de tamanha pressa da sua 

amiga e muito calmo respondia: - Não tenho pressa. Prefiro fazer um bom serviço. 

Dizem que a Lebre, de tão apressada, acabava por deixar cair os panos coloridos por 

todo o caminho. E o Camaleão, com calma e cuidado, podia escolher as cores mais 

bonitas para os seus tecidos. 

Quando os bichos pararam de falar com os humanos, foi concedido a cada um deles o 

direito de escolher o tecido da sua pele. A Lebre, muito apressada, até hoje veste esse 

pano roto e desbotado. Já o Camaleão não, como fez seu serviço com todo o cuidado, 

possuía muitos tecidos no dia da escolha, e até hoje, cada descendente seu que 

caminha sobre a Terra, seja onde estiver, pode vestir-se da cor que quiser. 

O conto respondeu a pergunta. 

E se não quiserem acreditar, 

Contem outro que possa explicar 

SESSÃO DE CONTOS: ONÇA É BICHO BRASILEIRO
Contos de tradição oral, retextualizados para o trabalho do grupo de Contadoras de Histórias. Essas narrativas vem atravessando tempos e espaços e apresentam a temida Onça Pintada como uma personagem emblemática, sempre feroz e faminta, e, embora forte e valente, não é tão esperta como os seus companheiros que vivem nas matas do Brasil.
A CARTA DO PAPAGAIO
Vou contar uma história do tempo em que os bichos falavam, alguns deles até liam e escreviam. Dona Onça Pintada, a rainha da mata, era, como toda onça pintada que conhecemos, também grande, feroz e faminta. Ele simplesmente vivia louca para comer carne de macaco, mas nunca conseguia, ele é sempre muito esperto. A onça vivia elaborando planos para tentar capturar um certo macaco que morava nas proximidades da sua toca. Certa vez, o Papagaio, sujeito que espalha boatos pela mata, aborrecido com a fama de fofoqueiro, decidiu ir embora pra a cidade. Foi morar com um homem muito bondoso, que por gostar bastante dele, o ensinou a ler e escrever. Depois de algum tempo, o papagaio sentiu saudades de casa e quis voltar, despediu-se do amigo homem e retornou ao lugar onde nasceu. Já chegou anunciando aos quatro ventos que sabia ler e escrever, porém, ninguém acreditou. Para provar sua intimidade com as letras, o Papagaio escolheu um livro com uma boa história e passou a ler em voz alta, justo no local onde a bicharada juntava-se, à noite, em volta de uma fogueira. Dona Onça perguntou ao papagaio para que serviam os livros. O Papagaio respondeu que eram para diversão e conhecimento. Dona onça logo questionou se os livros ensinavam como capturar macaco. Claro que o papagaio respondeu que não. A onça então foi embora muito zangada, dizendo que livros não serviam para nada. Os que ficaram, ouviram atentamente a história lida pelo Papagaio. Daquele ocasião em diante, todas as noites, o papagaio passou a ler histórias para a bicharada, que riam, batia palmas e até comentava sobre os acontecimentos narrados. Tudo ia muito bem até que que começaram as discussões, uns preferiam histórias de princesas, outros de dragões, de assombração e assim por diante. Para evitar as discórdias, o papagaio decidiu ensinar toda a bicharada a ler e escrever, para que, se quisessem, pudessem ler a vontade a história de sua preferencia. Depois de uns meses, todos na mata sabiam ler e escrever, menos a Onça, claro! Passado algum tempo, o Papagaio sentiu saudades do amigo humano e decidiu voltar à cidade mais uma vez. Ao chegar lá, ficou sabendo que caçadores estariam à espreita dos amigos da mata, e que no domingo pela manhã, logo que os animais fossem beber água no riacho, seria uma matança só. O papagaio rapidamente escreveu cartas de aviso e mandou pelo pombo correio, para cada um dos moradores da mata. No dia da chegada das correspondências, finalmente a onça faminta conseguiu surpreender o macaco, amará-lo, e quando já ia devorá-lo, recebeu a carta do papagaio endereçada a ela. Muito curiosa, pensou que primeiro era preciso saber do que se tratava a carta, para só depois almoçar. O macaco sabendo da falta de intimidade da onça com as letras se ofereceu pra ler pra ela, que no começo ficou desconfiada, mas de tão curiosa, ordenou que o Macaco a lesse. A carta da dona Onça era igualzinha às outras, mas o macaco muito esperto, disse que era um convite para uma grande festa na beira do riacho no domingo bem cedo, e que toda a bicharada estaria lá. A Onça Pintada, grande, feroz e faminta, pensando que poderia ter um banquete muito mais farto do que só um macaco magrelo, largou o bicho e foi esperar a hora da festa, para não estragar o apetite. No domingo pela manha acordou cedo, escovou o pelo e tocou a caminhar em direção ao riacho, quando foi se aproximando, estranhou ainda não haver ninguém, foi quando, de repente, ouviu vários estampidos, os caçadores quando viram aquela enorme onça pintada, grande, que parecia feroz e faminta, começaram a atirar todos ao mesmo tempo. A Onça deu o pé na carreira, dizem que continua correndo até hoje, corre e faz planos, tem dois: aprender a ler, e o primeiro livro lido será de receita de pratos a base de carne de macaco.
O COELHO SORTUDO QUE ERA COMPADRE DA ONÇA
Era uma vez um Coelho metido a esperto. Ele morava na mesma rua onde também vivia uma Onça pintada, grande, feroz e faminta. Os dois eram bons vizinhos, compadres e combinavam sempre todas as empreitadas. Um dia, eles desejaram comer queijo. Nem um e nem o outro tinha dinheiro suficiente para comprar um queijo inteiro. Então combinaram que cada um daria a metade e, juntos, comprariam um queijo. Feita a sociedade e tendo a quantia necessária, foram à casa da Dona Cabra para comprarem um queijo. Como Dona Cabra não tinha queijo curado e eles não queriam comer queijo fresco, decidiram que deixariam o queijo no tempo certo para que curasse. Decidiram procurar uma árvore bem alta, onde pudessem colocar o queijo pendurado dentro de um saco de pano. O plano era esperar até estar no ponto. Depois de um tempão, encontrarem a árvore ideal. A Onça sugeriu: - Compadre Coelho, como você é mais leve do que eu, fique com a tarefa de subir na árvore. E assim o Coelho obedeceu, subiu rapidamente no galho mais alto, amarrou o saco com o queijo e desceu. Dona Onça armou guarda e ficou vigiando. Depois de alguns dias, o Coelho sentiu tanta vontade de comer queijo, que decidiu não mais esperar, foi até a Onça e sugeriu: - Comadre Onça, a senhora está de guarda há tantos dias, vá pra casa descansar, pode deixar que eu fico vigiando nosso queijo. Dona Onça, como estava realmente muito cansada, acabou acatando a sugestão do compadre. O Coelho, aproveitando que estava só, subiu na árvore e comeu a metade do queijo que lhe pertencia, desceu e ficou por ali esperando a comadre voltar. Quando a Onça retornou do repouso, passou-lhe o posto e foi embora satisfeito. Passado mais dois dias, o Coelho sentiu de novo uma louca vontade de comer queijo. Voltou ao posto onde a onça estava e sugeriu: - Comadre Onça, está quase no ponto de comermos nosso queijo, pode deixar que eu fico aqui vigiando o restante dos dias que faltam, a senhora já fez muito. Agradecida pela gentileza do Coelho, a Onça foi preparar a mesa para comerem juntos a iguaria tão esperada. Acontece que o Coelho não resistiu, subiu na árvore mais uma vez e comeu todo o restante do queijo. Depois de satisfeito, desceu, e com medo da Onça pintada, afinal ela era grande, feroz e faminta; procurou uma pedra do mesmo tamanho e colocou-a no saco pendurado na arvore. Quando ele já estava palitando os dentes, de barriga pra cima, quase cochilando, o saco rasgou, a pedra despencou e caiu bem no meio da sua cabeça. O Coelho desmaiou imediatamente. Que falta de sorte! Quando a Onça chegou e viu o Compadre Coelho desmaiado, ficou paralisada, não podia acreditar no que via. Seu vizinho, compadre e companheiro estava muito ferido, justamente com uma queijada na cabeça. Dona Onça ficou muito penalizada com a falta de sorte do seu compadre, e pior ainda, ao imaginar poderia ter sido ela a vitima da queijada! Revoltada com aquele queijo, pegou o saco e atirou bem no meio do rio, nunca mais na vida quis comer queijo, nem fresco, nem curado. Agora, vocês acham que foi falta de sorte do trapaceiro? Ja imaginou se ela descobrisse a verdade? Que nada, foi assim que o Coelho passou a ser conhecido como um animal de sorte, escapou por duas vezes das garras da morte.
A ONÇA FEROZ QUE FOI ALUNA DO GATO DO MATO
A história que vou contar, contou-me uma coruja, que jura ter assistido a tudo, do mais alto galho de uma mangueira. Assim me contou: Era uma vez uma Onça pintada, grande, feroz e faminta, que andava afim de satisfazer seu apetite e comer uma carninha fresca de Gato do Mato. Ela ficava horas e horas observando os Gatinhos correrem pelas matas. Tentou várias vezes copiar o estilo do Gato, imitava seu jeito de andar, de espreguiçar, de olhar. Na tentativa de usar sua própria técnica para vencê-lo, colocava as patas alinhadas como as dele e tentava saltar como ele. Como não conseguia avanços significativos, Dona Onça se aproximou do Gato do Mato e iniciou ali uma conversa mole, como quem não queria nada. Foi fazendo perguntas, inventando assunto, e por fim elogiou a forma do Gato andar e saltar. Disse que tinha por ele uma admiração sincera. No meio da conversa, afirmou que desejava ansiosamente aprender com ele sobre seus saltos e pediu algumas lições. Para conseguir seu intento, a Onça disse que a natureza não tinha sido bondosa para com ela, já que havia nascido Onça Pintada, mas, na verdade, seu grande desejo era ter nascido Gato do Mato. Comovido com essa história toda e movido pela vaidade, o Gato do Mato concordou em dar algumas lições à Onça, mas, era em caráter experimental. Passadas alguns dias de treino e após muitos saltos, muitos tombos desengonçados e trejeitos, além de muitas risadas do Gato, Dona Onça já se sentia mais capacitada. Já até calculava estar preparada para almoçar. Se aproximou do Gato e disse: - Agora que você já me ensinou seus truques e suas técnicas, chegou a hora, vou devorar você! Mal terminara a frase, deu um salto maravilhoso sobre sua vítima e com suas garras afiadas, desceu poderosamente as patas em direção ao alvo, já sentindo o gostinho daquela carne fresquinha entre suas mandíbulas. Qual não foi sua surpresa, quando abriu as patas e percebeu que só havia apanhado poeira. O Gato havia dado um pulo para trás de forma espetacular. A onça gritou furiosa: - Você me enganou, não é um bom professor. Faltou me ensinar como pular dessa maneira. O Gato, que a essa altura já estava bem longe gritou: - Minha amiga, esse truque é nossa forma de sobrevivência, um verdadeiro Gato do Mato não ensina, à ninguém, o pulo do gato.
O DIA EM QUE A ONÇA MORREU
A onça é mesmo um animal muito determinado; pode ficar por horas e horas esperando uma presa para dar seu bote mortal. Numa mata não muito longe daqui, vivia uma Onça pintada, grande, feroz e faminta, seu sonho era merendar macaco, almoçar macaco, comer macaco frito, assado, cozido, guisado, mas nunca conseguia. Nesse tempo, o macaco não andava no alto das árvores, ele só vivia pelo rés do chão. Quando soube, pelo Papagaio que a onça estava rondando a vizinhança, treinou, treinou, treinou, até que aprendeu a andar de galho em galho. A Onça que não conseguia subir tão alto, estava cada ver mais furiosa e determinada a pegar o Macaco. Até que uma certa vez, quando já passava fome há vários dias, resolveu fingir que estava morta para pegar sua presa com mais facilidade. Ela pensou: - Vou ficar aqui, bem quietinha, para que todos pensem que estou morta, assim, quando se aproximarem dou meu bote e terei, então, uma farta refeição. Vou pegar o macaco com certeza, e ainda um ou outro curioso para sobremesa. A ideia parecia ótima. A onça resolveu colocar imediatamente o seu plano em prática. Deitou-se bem no meio da relva e ficou imóvel, sua determinação era mesmo surpreendente. O papagaio, como era o encarregado de espalhar as notícias fresquinhas, quando passou voando e avistou a onça estirada no chão, já saiu gritando a novidade: - Sabem o que aconteceu? A Onça morreu! Quando os bichos da mata ficaram sabendo, foram logo conferir, era tudo o que eles queriam, pois a Onça era a mais temida criatura da mata. Rapidamente combinaram de fazer o velório. Arrastaram a Onça para o meio de uma clareira, arrumaram flores fresquinhas e ficaram a esperar. Aos poucos a bicharada foi chegando, os que andam, os que voam, os que rastejam e até os que nadam, ficaram espreitando à beira d`agua. Muitos curiosos queriam ver a temida Onça Pintada, grande, feroz e faminta, mortinha da silva. Com pouco tempo chegou o Macaco, muito experiente ele queria ter certeza do ocorrido, observou e logo inventou uma história que começava com a pergunta: - Dona Onça já espirrou? Os outros bichos muito admirados da pergunta do Macaco, acharam que estava meio confuso. Foi quando ele deu uma piscadela e continuou bem alto: Amigos da mata Quem não sabe deveria saber Toda onça quando morre Dá um espirro que faz a terra estremecer Ao ouvir essas palavras, a Onça que estava ansiosa para o banquete e não era lá muito esperta, soltou um espirro enorme. Todos fugiram apavorados, não ficou um pra contar a história. Tem bicho correndo até hoje, a Onça continua faminta, e todos os macacos da terra agora sabem viver no alto das árvores. O Cachorro Velho, a Onça e o Macaco Um velho senhor foi para uma caçada na mata e levou seu velho cão vira-lata. Depois de um dia inteiro de caminhada, o cão, de repente, se deu por conta de que havia se perdido do seu dono. Vagando a procura do caminho de volta, o velho animal percebeu que uma Onça pintada, grande, que parecia feroz e faminta, caminhava devagar em sua direção. Certamente era com intenção de conseguir um bom almoço. O cão pensou: - Agora estou perdido. Preciso pensar em algo muito rápido. Ele olhou à sua volta e viu alguns ossos espalhados pelo chão. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeitou-se junto ao osso mais próximo, e começou a roê-lo, dando as costas ao predador. Quando a onça estava a ponto de dar o bote, o velho cão exclamou bem alto para que ela escutasse: - Caramba, essa onça estava deliciosa! Será que tem outras por aí? Ouvindo isso, o animal sentiu um arrepio de terror. Suspendeu o ataque, se esgueirou na direção da árvores mais próxima, escondeu-se e pensou: -Ufa! Escapei por pouco. O velho vira-lata quase me pega. O Macaco, que estava a espreita numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que tinha assistido. Em troca de proteção para si, diria a temida predadora que o vira-lata não havia comido onça coisa nenhuma, que era tudo um golpe pra escapar das garras dela. E assim foi em direção à fera. Quando o velho cachorro viu o macaco correndo em direção à onça e percebeu o que ele estava a ponto de fazer e pensou: - Macaco safado e fofoqueiro. Aí tem coisa! O macaco alcançou a onça, cochichou o que interessava, e fez um acordo com ela. A onça por sua vez ficou furiosa por ter sido enganada, e disse: - Aí, Macaco! Suba nas minhas costas pra você testemunhar o que acontece com esse cão velho e abusado! Quando avista a onça ensandecida, vindo em sua direção, com o Macaco às costas, o Cão pensou aflito: - Agora estou perdido. Preciso pensar em algo muito rápido. O Cão sabia que suas pernas doídas não o levariam longe, e ao invés de correr, sentou e mais uma vez deu as costas à Onça, fazendo de conta que ainda não o viu se aproximar com o macaco nas costas. Quando estavam perto o bastante para ouvilo, gritou bem alto: - Mas por onde anda o safado daquele macaco que mandei me trazer outra onça? Estou com fome! Ouvindo isso, o Macaco viu que havia se dado mal, saltou do lombo da Onça e correu em disparada. A onça, até hoje persegue o bendito macaco e morre de medo de cão, principalmente de cão velho. Essas histórias Foram encontradas Tal qual encontramos Assim nos contaram Assim vos contamos


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